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Tudo começa com o primeiro passo ...

         Lembro-me bem que desde criança, uns 5-6 anos de idade, eu já era de certa forma “ligado” a natureza. Minha avó possuía um quintal grande nos fundos da casa, onde eu apenas jogava as sementes que obtinha das frutas que comia e elas germinavam e produziam de uma forma “fantástica” no meu olhar de criança.

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             Plantávamos de tudo e, praticamente a cada semana, eu retirava baldes de chuchu e pelo menos um balde pequeno cheio de tomates cereja ! Era tanta produção que eu necessitava doar ou até mesmo trocar com os vizinhos por algo que ainda não tivéssemos plantado naquele quintal.

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        Após alguns anos, me mudei para minha residência atual. Sempre que meus pais compravam cheiro verde (salsinha e cebolinha) eles me diziam para replantar a cebolinha em um vaso, pois estava com raiz, dessa forma continuaria crescendo e poderíamos colher sempre. E assim o fiz ! Comprei um vaso, terra, pedras de argila e manta e montei uma primeira horta no vaso, coloquei a cebolinha no centro e fui cultivando apenas ela. Devia ter uns 9 anos na época.

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       E em um dia na escola, aprendi como germinar feijão utilizando um algodão molhado. Fiquei fascinado com aquilo e resolvi tentar com os feijões que normalmente eram descartados depois de abrir o saco e fazer a separação manual.

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          Em pouco tempo comecei a cultivar feijão também, apesar de produzir apenas duas vagens por planta eu ficava feliz com aquilo tudo ! Eu colocava os feijões que eu produzia nos sacos de feijão junto com os demais que foram adquiridos, de forma que na hora do preparo e ao servir a mesa, ninguém saberia diferenciar quais eram os meus e quais eram do saco.

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         Depois da minha experiência com cebolinha e feijões e alimentar a família com a minha pequena produção, comecei a usar os galões de água do mercado para montar vasos bem maiores e economizando dinheiro para outros componentes importantes, pois eu precisaria de mais terra e no meu quintal não havia. Fui então a lojas de plantas e compramos uma quantidade de terra compatível com a quantidade de vasos de plástico.

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       Ao comprar o material necessário, preparei os vasos da forma correta: primeiro as pedras de argila, em seguida a manta e por fim, a terra adubada e, dessa vez optei por remover sementes de um tomate que comprei no mercado e realizar a semeadura.

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          Em pouco menos de uma semana, as sementes começaram a emergir da terra. Mais uma vez, para mim, era uma visão maravilhosa ! O nascimento de uma planta é um fenômeno extraordinário de se observar, eu posso ser suspeito de dizer isso, pois gosto muito de tudo que envolve a natureza.

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       Assim que comecei a semear tomates, o que parecia ser uma tarefa muito fácil, pois eu não adubava a terra, apenas colocava uma estaca de madeira para segurar o caule do tomateiro e eles produziam em torno de três tomates bem vermelhos e vistosos, porém cerejas. Mas depois de um tempo, o tomateiro apodrecia e morria... Eu ficava apreensivo em relação a isso, em razão de ainda não entender o porquê de produzirem tão pouco e simplesmente morrerem... Qual era o motivo de pouca produção ? Ainda era desconhecido para mim.

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         Alguns anos a mais se passaram e, em meados de 2013 eu precisava decidir que carreira seguir, afinal os vestibulares estavam chegando. Procurei um curso que tinha a ver com plantas e natureza no geral, desde manutenção, cuidados, irrigação e até mesmo a preservação. Foi ai que encontrei um curso chamado “Agronomia”, basicamente tinha fotos de pessoas no campo semeando e usando uma prancheta de madeira para anotações. Era o que queria ! Inscrevi-me em alguns vestibulares para Engenharia Agronômica, mas infelizmente não consegui naquele ano.

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          Em 2014 eu procurei por faculdades aqui na região de São Paulo urbano porque não teria como me sustentar em uma república. Procurei e encontrei a Faculdade Integral Cantareira, que fica na zona leste de São Paulo e por sorte, havia o curso que eu queria e também uma fazenda para fazer experimentações próximo à Serra da Cantareira, em SP. Passei bem no vestibular e obtive um desconto bem razoável, porém resolvi pensar se realmente era aquilo que eu desejava.

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       Depois de muito pensar e ver as possibilidades neste País e no mundo refiz o vestibular para exatamente o mesmo curso de formação, obtendo um desconto ainda maior que o anterior. Para minha felicidade, comecei a me fascinar ainda mais pelo campus e pelas disciplinas como um todo e resolvi ingressar na faculdade.

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       Em 2016 consegui meu primeiro estágio na Subprefeitura de Pinheiros, realizando vistoria e cadastramento de espécies arbóreas na região, era um conhecimento totalmente novo para mim, estava muito empolgado. Em 2017 consegui meu 2° estágio, dessa vez no centro da cidade, onde a Codeagro – Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios selecionou meu currículo. Novamente, um mundo totalmente diferente do que fazia no estágio anterior. Era mais burocrático, menos de campo, mas igualmente interessante para obter novos conhecimentos sobre minha área.

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         Por fim, em meados de 2020 eu concluí minha graduação e me tornei bacharel em Engenharia Agronômica. Foi um trabalho longo e desafiador: 5 anos estudando e trabalhando em tempo integral. Pouco tempo me restava para outras atividades, a não ser nas férias escolares (mas que ainda assim atendia meus estágios).

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         Porém e o que importa é que os resultados valeram muito a pena ! No final de cada semestre sempre foi mais cansativo, com as provas de fim de semestre, trabalhos, etc, e no fim do curso juntou ainda o preparo e a apresentação de nosso TCC ! Avaliei que seria muito desafiador e estava correto, porém me planejei, acertei meus horários, priorizei as tarefas e deu tudo certo, entreguei meus trabalhos, finalizei pendências, resolvi problemas e aprendi muito com todo este processo.

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           Espero que este breve resumo possa estimular mais pessoas a cuidarem do nosso bem maior, a natureza, e a produção de alimentos melhores e mais saudáveis, começando pelo básico, como o fiz há quase 20 anos atrás, projetando hortas comunitárias nas cidades, alimentando-se melhor e com mais qualidade, para que todos possam se beneficiar disso.

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          E para aqueles que possuem algum receio em iniciar uma produção em sua residência, gostaria de deixar uma dica: faça como eu, comece com algo simples como um feijão germinando no algodão ou até mesmo temperos como manjericão alecrim orégano que são plantas rústicas, ou seja, que não demandam tantos cuidados e produzem bastante e, aos poucos, vão aumentando o desejo de semear culturas maiores e mais complexas, que demandem maiores cuidados e atenção.

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          Afinal, ainda estamos em pandemia ... Estamos em casa, certo ? Por que não incrementá-la com algo muito bom para você criar, se distrair e, principalmente, se alimentar melhor ? Dá para ser feito em apartamentos também (desde que haja luz solar por no mínimo 4 horas diárias). É só cuidar !

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        Desejo a vocês muito sucesso em suas pequenas hortas ! E gostaria de pedir que plantem mais flores, dessa forma preservaremos as abelhas, que até pouco tempo foram consideradas os seres vivos mais importantes do mundo.

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      E aos meus colegas de classe profissional, muito sucesso em suas especialidades e em suas jornadas nesta área, sejam elas em maquinários agrícolas, criação e manejo de animais, ambiência rural, construção civil para agronomia, plantio (é claro), dentro desta vasta área de atuação que a Engenharia Agronômica nos permite !

2020, 2021 - © Copyright by Thomas Schrijnemaekers

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